A Contracultura / In Feminicidio
A CONTRACULTURA /
IN FEMINICIDIO
Era uma tarde de expectativa todo mês aquelas
mulheres se encontravam para expor suas vidas, dores e amores faziam parte de
um grupo como tantos outros e várias partes da cidade e do mundo.
Vinham se consolar, buscar alento para suas vidas duras
cansadas da rotina que mata filhos, desemprego, alcoolismo dos companheiros a
pobreza e a dor e sofrimento que carregavam além do estigma de mulheres
abusadas e violentadas em suas relações amorosas e afetivas muitas já marcadas
na carne e em carne viva pela violência muitas vezes sofridas.
Pancadas não só no coração, mas, também na emoção machucadas
pelo desprezo roxas do horror em seus corpos cheios de cortes e hematomas vítimas
tantas vezes do próprio poder público que nem sempre dava acolhida, não se
sentiam protegidas nem como mulheres e ou cidadãs. Subjugadas num mundo
masculino a viver na ignorância de sua classe e condição.
Foi numa tarde desta que após um relato de mais uma
noite socos, pontapés, tapas e tentativa de morte que Lindinalva relatou que já
estava cansada deste mundo e vida e deixava perceber que na próxima vez ia ou
matar o morrer já não aguentava mais seus filhos chorando, gritando, implorando
ao pai que não se bate em sua mãe com promessas de um dia eu vou crescer e tudo
irá mudar.
Foi embora do grupo logos após terminado ouvi alguns
conselhos de mulher deixa disso para o lado pense nos seus filhos e ouvi das
orientadoras do grupo bem precisamos conversar talvez tirar você e seus filhos
para um abrigo ou denunciá-lo a polícia, talvez, mas, agora não o mais velho
vai chegar logo da escola tenho que ir para casa preparar o que puder e tiver
para o jantar.
Duas semanas após por volta das 4 horas da manhã ouve-se
gritos e choros de crianças da humilde casa que ela morava os vizinhos chamaram
a polícia que ao chegar encontraram ela com os lábios sangrando, roupa rasgada olhos
inchados do soco que tomara do companheiro (marido) e crianças com medo
assustadas e em choque.
Foram à delegacia lavrou-se boletim de ocorrência,
mas, não fico preso, mas, que aquele fim de noite pois não havia antecedentes
foi liberado e passou algumas noites no mundo ou na casa de parentes e amigos.
Após uma semana ou mais retornou veio ver os filhos e
acabou ficando e a sim seguiu os dias no que parecia ser uma paz passageira
onde todo o passado fora esquecido assim como as marcas e hematomas já vividos
e emocionalmente marcado.
Lindinalva em seu machucado coração deixou o tempo
passar, mas, o pensamento de pôr fim aquela situação não então uma noite
enquanto o companheiro dormia ferveu a agua em uma chaleira bem quente e após ter
a certeza que ele dormia quando o mesmo ficou de lado com o ouvido exposto lançou
sem do nem piedade aquele ódio quente aquela vingança doce aquele um dia te
amei, respeitei e admirei agora só a dor do outro que gritou com a dor os
filhos acordaram assustados viram o pai gritando cego de dor aos gritos de Eu
te mato desgracada filha de uma égua, demônio, filha do diabo Eu te mato.
Assim o companheiro vivenciava pela primeira vez a
contracultura do ódio, dor e sofrimento que ele mesmo semeou pela vida a fora
em sua mulher e seus filhos.
Foi para o hospital não morreu teve apenas uma lesão nos
tímpanos e agora só escuta bem de um lado o lado da solidão abandonado pela
mulher e filhos que foi levada para um abrigo e após encaminhada para casa de
parentes num outro estado.
Quando aconteceu novamente o grupo e o relato de
Lindinalva se espalhou o acontecido uma outra mulher que pertencia a grupo
relatou o seguinte que sempre ouviu sua mãe contar que era um fato conhecido da
região do Nordeste que ela vinha que mulheres que foram muito abusadas pelo
marido costumavam relatar que um dia iam jogar agua fervendo no ouvido dos
maridos enquanto eles dormissem.
Não procurei saber as notícias ou estáticas por seu
eu mesmo filho de uma mãe pernambucana que já havia relatado esta mesma sorte aos
homens que abusavam, apenas confirmo isto e deixo claro que não é este um
relato de ódio e ou vingança, mas, apenas um relato de uma tradição que me
parece foi disseminado por falta de políticas públicas e em defensa das
mulheres hoje já sendo contempladas pela lei Maria da Penha e as delegacias das
mulheres e outras leis complementares. @mauriciopartyguy/porque a vida importa.
Comentários
Postar um comentário